6.12.05

PASSEI POR UMA OBRA, VI NUMA TABULETA E ASSIM FICOU...ZEFERINO.

Quer em observação no dia a dia, quer pelos meios de comunicação social, tenho vindo a constatar um fenómeno que me inquieta, o poder do título ( seja ele académico, social, clerical etc...) junto do povo português.
Será a tradicional subserviência? O não questionar?
Ou gostamos de baixar a cabeça ao passarem os «senhores»?

Porque é que ninguém questiona os «senhores» ?

A titulo de exemplo, vi um simpático pároco a falar em horário nobre (de dona de casa) sobre as virtudes do crucifixo nas escolas de um estado laico, com um sem número de pontos de vista lançados como se de verdades divinas se tratassem, aceitando de muito mau grado qualquer opinião divergente.
E agora? Como é que a D. Ermelinda , dona de casa de 58 anos, católica não praticante (como a grande maioria de nós), iria dizer que discorda do Sr. Padre ?
Ainda por cima daquele senhor tão simpático, que até conta umas anedotas e toca guitarra. Como é que as vizinhas iriam reagir à opinião dela ???

Receita para o problema : Não opina ! Cala e baixa a cabeça, se o senhor disse ele é que sabe !!!

Siga o rebanho e não olhe para o pastor !!!

Depois de tantos anos em que não era permitido ter espirito crítico, para uma grande parte da população assim ainda continua a ser. Não foram suficientes trinta anos para limpar as teias de aranha que nos aprisionam os neurónios, e muitos dos «senhores» teimam em reforçar estas mesmas teias da ignorância.

Com isto não ponho em causa a dignidade da humildade, mas essa mesma humildade deve vir dos opinion makers, todos eles, desde os que têm acesso aos horários nobres da TV, aos padres da paróquia.

Humildade e pedagogia, sim ! Imposição e manipulação, não !