Ó tempo volta para trás...

Tenho saudades dos tempos em que os jogos, no Norte, eram comentados pelo grande José Nicolau de Melo. Lembro-me de ouvir pérolas como "O relvado apresenta-se molhado, talvez devido à forte intempérie que se faz sentir" ou, então "Aí está Bandeirinha, jogador influente na manobra da equipa do F.C.Porto", sempre ao som do mítico trompeteiro do antigo Estádio das Antas. E o trompeteiro!!! Que lindo era ouvir aqueles sons monocórdicos, mas na mesma requintados, com traços de ironia. Por exemplo, quando um jogador adversário se estendia no relvado a contorcer-se com dores (algumas vezes depois de um "mimo" de André, de Paulinho Santos, ainda em início de carreira ou até do já citado Bandeirinha) e o trompeteiro tocava uma marcha fúnebre.
Tempos em que os adeptos portistas não se coíbiam de ir dar um "abraço apertado" aos repórteres de campo da RTP a seguir a um jogo em que o seu clube tivesse perdido, como a célebre derrota caseira com o Famalicão por 1-0.
Tempos em que, no Sul, Miguel Barroso levava com garrafas na cabeça no Estádio da Luz, num Benfica-Sporting, perante o olhar e comentário de gozo do colega da RTP.
Tempos em que o apresentador do Domingo Desportivo era Mário Zambujal, cuja frase mais mítica foi o remate a um resumo de um jogo apresentado instantes antes. Disse ele:"As palavras não atrasam nem adiantam, apenas prolongam o acontecimento". Lindo...
E agora? Agora temos de levar com o Luís Baila e as suas brilhantes perguntas nos finais dos jogos, como "Contente com esta vitória?". Ou o Hugo Gilberto. Ou a "piéce de resistance", que é Nuno Luz. Não há pachorra...
Já dizia a canção: "Ó tempo, volta para trás..."