6.1.07

Careca de esperar por um milagre...


Antes de mais, gostaria de agradecer a todas as pessoas que, na rua, me questionavam: "Serafim, para quando mais um texto de eleição, sobre futebol, no blog?" Ao que eu respondi que, obviamente, só quando incorporássemos alguém que o soubesse fazer, como Valdano, por exemplo. Mas, de qualquer forma, gostaria de agradecer toda a consideração que essa questão demonstrava sobre os meus textos. Por essa consideração digo, muito obrigado Zeferino!!!
Posto este momento de emoção, como o Natal já passou, o "ravalhão" também, os passarinhos já não cantam, os anjinhos já pousaram e voltámos à selva diária, vou começar a escrever sobre tema do post.
Eu confesso que estes dois treinadores são daqueles que me fazem acreditar no futuro do futebol português. Mas parece-me que existe um tipo de fã específico para cada um.
Jorge Jesus é o típico exemplo de alguém por quem os adeptos, não só do futebol mas também da religião, suspiram e desejam ver do seu lado, a conquistar terreno aos infiéis, que é como quem diz, aos adversários. Se para os religiosos e seguidores da fé católica, o seu nome já chegaria para lhe dar um crédito inesgotável, para os adeptos do futebol Jesus também suscita uma imagem de experiência acumulada impregnada nos seus cabelos brancos de longa data, ainda era ele um jovem. Uma espécie de Ravanelli dos pobrezinhos. Foram horas de dedicação ao estudo do jogo e todas as suas variantes tácticas que lhe deram a tonalidade capilar. Primeiro grisalha e depois branca. Com Jesus, não há uma causa perdida, um jogo só acaba ao som do apito final do árbitro. E enquanto fôr possível acreditar na salvação, na subida na tabela classificativa, Jesus lá estará para operar o milagre e espalhar a boa nova no final da época aos adeptos ou aos accionistas da SAD. Com Jesus dá-se sempre a multiplicação dos pontos e é um regalo vê-lo a pregar para os jogadores no relvado, quais enfermos à procura de um guia espiritual que lhes ensine a jogar e descobrir o caminho para o Céu, o caminho para a manutenção na Superliga ou, no caso de se assistir a uma superação celestial, a uma classificação para as competições europeias.
O Prof. Neca, por sua vez, é o representante do típico português calvo, que ostenta orgulhosamente o seu bigode e fala com a voz do povo: sem falas mansas, com sentimento e introduzindo em cada frase uma pitada de humor. Um bom exemplo disso mesmo é a sua frase proferida há umas semanas, num colóquio com mais 3 treinadores: o já citado Jorge Jesus, Paulo Bento e Fernando Santos. A frase, que encerra nela mesma tudo o que de importante se deve retirar do futebol e de como as equipas se devem posicionar num terreno de jogo é (e passo a citar): "Quando não se tem lagosta tem de se pôr o carapau a correr...". Mas existe um tipo de português que se sente espaldado na figura do Prof. Neca: o careca de bigode. E eu percebo o porquê. O Prof. Neca distancia-se do comum careca de bigode, pois nem todos se podem orgulhar de passear essa sua característica com uma limpeza imaculada na sua superfície (antigamente) capilar e um corte capilar supra-labial com tamanha geometria, a mesma geometria que ele aplica nas equipas por si orientadas. Equipas guerreiras, como um bom português é. Equipas com um travo a malandrice, como só um bom português tem. Mas o pormenor que toda a gente distingue no Prof. Neca é o facto de a sua careca apresentar um brilho constante neste lamaçal que é o futebol português e ter mantido esse brilho mesmo quando era acossado pelas constantes cuspidelas de Sá Pinto, ainda nos tempos em que era adjunto de Artur Jorge na Selecção Nacional. E, acredito, não deveria ser fácil consegui-lo. Nem isso nem aturar o próprio Artur Jorge...


PS: Mais dois treinadores nacionais mereceriam o seu lugar no Panteão do Futebol Nacional e são constantemente desprezados em prol de "novos Mourinhos", condenados ao fracasso. Refiro-me a Toni (ex-Benfica) e Vítor Manuel (ex-Sp. Braga, entre outros, e imitador de Rod Stewart e Tom Waits em noites de karaoke). Mas proximamente farei a minha justa homenagem a estes dois vultos do futebol.

3 Comments:

Blogger Emanuelle said...

Olá Serafim!
Bom ano para ti a para o blog!

Agora chegou a vez dos treinadores?

Estou com muito interesse nesse post que aí vem sobre o Vítor Manuel, é uma figura que sempre me interessou;-D Tenho sempre na memória a forma de estar no banco e a cena do ataque cardiaco. Uma vez contaram as pulsações dos treinadores durante um jogo e Vítor Manuel conseguiu ganhar o campeonato!
Há muito tempo que não o via, pois está desempregado, mas há poucas semanas estava no PONTAPÉ DE SAÍDA a desdobrar-se em auto-elogios e a desbobinar o seu curriculum, porque será???

Quanto ao Neca, realmente tem aquele ar muito limpinho e lustroso. O Jorge Jesus é o injustiçado, como ele gosta de autodenominar-se.

7.1.07  
Anonymous Anónimo said...

Nem o cabelinho branco, nem o careca, não gosto de nenhum deles. Ambos treinadores defensivos que em nada têm ajudado à progressão do futebol português......mas quando falas desse grande senhor Toni !!! Isso sim já estamos a falar de um senhor.....volta Toni estás perdoado.

8.1.07  
Blogger Serafim said...

O Vítor Manuel ganhou o campeonato das pulsações por minuto? Lá está um exemplo de quem não gosta de perder, nem que tenha de colocar a sua vida em risco!!!

Ó Zeferino, não sejas assim. O futebol também é feito de carisma, à vontade perante as câmaras televisivas (mesmo que de forma tosca e saloia) e raça competitiva. Por isso, respeito por estes senhores, que em nada melhoram o jogo (se bem que o J. Jesus até tenha mais qualidade que Neca), mas emprestam-lhe um tom popular e simpático. Eu, pelo menos, farto-me de rir com eles.

8.1.07  

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